janelas

dizes que gosto de janelas e eu, que nunca tinha pensado nisso, digo-te que sim.

as janelas são os olhos das casas, por isso é que as crianças desenham sempre duas.
gosto de imaginar quem nelas se debruçou para espreitar a vizinhança, quem através delas pediu desejos a estrelas cadentes, a brisa que deixaram entrar com cheiro a relva cortada e os aromas que deixaram sair depois de um bolo sair do forno, o sol que as atravessou e aqueceu um lar, o frio que protegeram nos dias mais cinzentos com a ajuda de cortinados que vão e vêm enquanto elas por ali permancem.
as janelas mostram-nos o mundo de manhã quando acordamos e dão-nos um último vislumbre do dia ao serem fechadas já de noite.

das tuas janelas, com sorte, vejo-te a ti e com mais sorte ainda espreitamos as duas do mesmo lado ou ficam elas a ver-nos a ser felizes por aí.

Comentários